sexta-feira, 31 de julho de 2009

General Américo Pinto da Cunha Lopes

Com a sua passagem à situação de reserva, não terão mais, os jovens militares, a oportunidade de ouvir os sentidos e profundos discursos de um militar de eleição. Nós rapazes da 2042ª Cmds, continuaremos a ter esse privilégio e que seja por muito tempo! Por isso Dizemos: Obrigado, e volte sempre meu Capitão…


No dia 22 de Maio, na sala Dª Maria do Museu Militar, em Lisboa, o CEME, General José Luís Pinto Ramalho, condecorou o tenente-General Américo da Cunha Lopes, por ocasião da sua passagem à situação de Reserva, verificada a 18 de Março, com a grande Cruz de Mérito Militar.

A GNR vai manter quatro oficiais portugueses no Iraque depois da retirada do contingente, que deve começar no próximo dia 12 de Fevereiro. Os quatro militares vão permanecer pelo menos até Abril. O anúncio foi feito esta quarta-feira em Talil, Iraque, pelo Segundo Comandante Geral da GNR, General Cunha Lopes. Desta forma Portugal mantém a sua representação na força multinacional.

Assim, vão continuar junto das forças da coligação dois oficiais em Bassorá no Comando da Divisão Inglesa e outros dois em Talil. Na base próxima de Nassíria, vão manter-se o Capitão Goulão, cujo trabalho tem estado ligado à célula de informações militares e o Major Óscar Rocha, que comanda actualmente a célula de relações entre civis e militares. No essencial, o trabalho deste oficial é coordenar acções de ajuda humanitária e de construção e/ou reconstrução de edifícios de suporte público.

Além do anúncio, Cunha Lopes passou uma mensagem de incentivo aos militares do 4º contingente do Sub Agrupamento Alfa. Substituiu o papel que tinha preparado pelo improviso e «deixou falar a alma e o coração». Além do abraço «dos 26 mil homens e mulheres da Guarda», trouxe ainda saudações de todos os portugueses, de norte a sul do país. O General lembrou aos militares destacados que «Portugal está solidário com o esforço daqueles que hoje fazem mais sacrifícios e estão em maior risco».

Visivelmente emocionado, o oficial lembrou que «ser soldado não é deslumbrar multidões com os dourados da farda. Ser soldado é levantar parapeitos e cavar trincheiras. O soldado o que tem de seu trá-lo às costas nas mochilas. Vocês são estes soldados. De coragem e valor. Porque fazem tudo, desde as coisas mais simples às mais difíceis e arriscadas, quando vos pedem para arriscar a vida sem sequer vos perguntarem se há filhos para criar».

Apesar dos rasgados elogios de «coragem» e «valor, qualidade que leva o soldado a expor-se aos perigos quando e onde é necessário», Cunha Lopes lembrou a «necessidade de ainda maior concentração» nos próximos dias de pré eleições.

Terminou agradecendo o exemplo que representam para o nosso país. «É um raro privilégio para um velho soldado passar algumas horas convosco», confessou. Aliás, as palavras que dirigiu aos militares foram deixadas «de soldado para soldado», como gosta de sublinhar. E o mesmo aconteceu no almoço de confraternização que se seguiu.

Cunha Lopes, tal como todo o Comando Geral da Guarda espera encontrar-se com os 127 homens daqui a três semanas, em Portugal.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Um dos primeiros "Comandos"



Trocavamos mensagens através da net, combinamos um encontro na Associação de Comandos no Castelo do Queijo, e passamos a ser grandes amigos. Comando da velha guarda, o Cabo Porto como era conhecido nos Apaches, foi dos primeiros comandos portugueses com comissão em Angola. De espirito jovem e bom comunicador, o Garcêz granjeia amizades por onde quer que passe. Para mim é um prazer enorme tê-lo como amigo e camarada, e companheiro das tecnologias, pois é um assiduo visitante dos blogues, onde deixa sempre o seu comentário. Por tudo isto e muito mais que não importa aqui realçar, deixo aqui neste blog a minha homenagem a um precursor dos Comandos, logo motivo da minha grade admiração.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A 2ª Operação da 2042ª Cmds

Adelino - Rubim - Daniel, no Ùcua em protecção no curso da 44ª e 45ª 25 - 07 - 1973 O dia em que morreu o Adelino


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Era mais uma operação igual a muitas outras, só que desta vez iríamos conhecer e sentir a experiencia de perder um camarada em combate. Já andávamos há dois dias na mata, e rasto de IN nenhum. Nessa noite já muito cansados dormimos como é habitual em círculo longe de imaginar o que nos esperava. O dia amanheceu com o habitual cacimbo, mas com boa visibilidade para prosseguirmos a nossa marcha rumo ao objectivo. Poucas horas depois vem a ordem para fazermos uma pequena paragem, estava na hora de tomarmos o pequeno-almoço, constituído por uma lata de leite achocolatado, a que nós adicionávamos umas bolachas, e pomposamente chamávamos a "papinha do “comando”. Mais revigorados e com o estômago aconchegado, prosseguimos a caminhada agora com mais dificuldade devido ao capim muito alto, e robusto que se apresentava à nossa frente. É então que vem a ordem do comandante do grupo, alferes Barnabé, para que a equipa do furriel Gomes, constituída por mim, cabo Araújo, Daniel, e Adelino passassem para a cabeça do grupo para assim abrir caminho que consistia em levar a arma na horizontal à altura do peito e com o nosso peso deixar-se cair para abrir um trilho para os restantes elementos. Para executar essa tarefa foi designado o Adelino devido ao seu porte físico e atlético. O ruído era perigoso mas inevitável, tínhamos consciência disso, tínhamos aprendido no curso todas as técnicas de aproximação mas neste caso não havia outra solução. Depois de termos percorrido umas centenas de metros em linha recta, flectimos para a direita onde nos deparamos com uma linha de àgua pouco profunda que só molhava as botas, que aproveitamos para beber, e logo de seguida subimos uma pequena elevação sempre com o Adelino à frente. Atingido o sopé, o Adelino só teve tempo de olhar para a esquerda e direita, porque acto contínuo uma curta rajada disparada de frente o atingiu mortalmente no peito, eu que vinha a escassos dois metros dele, e por isso ainda eu não estava campo visual de quem disparou, logo me debrucei sobre o seu corpo que se esvaiava em sangue, ainda a tempo de ouvir as suas ultimas palavras que lhe custavam a sair: Mãe…Mãeeeeee… Chorei. Tudo isto se passou numa fracção de dois minutos. Não reagimos porque foi tudo muito rápido, e não vimos o IN, a mata muito densa não o permitia mas ficamos com a certeza que o Adelino foi atingido a dois metros de distância. Naqueles breves momentos com os olhos humedecidos pelas lágrimas, fiz uma retrospectiva da nossa vivencia no curso e posteriormente como camarada da equipa, e só então me lembrei da sua premonição quando no decorrer do curso lhe perguntavam: Senhor Adelino, quer ser “comando”? ao que ele respondia: não meu alferes…eu não quer morrer! No final da operação regressamos ao Toto tristes por termos perdido um camarada e amigo que nunca esqueceremos…a nossa primeira baixa em combate. Poucos dias depois seria sepultado no cemitério de Catete em Luanda, onde estive presente a fazer guarda de honra a um dos nossos heróis. Até sempre Adelino!...

Quartel do Toto, onde estivemos 20 dias Julho de 1973
Aguiar, e Verdades a serem socorridos de ferimentos
Queima de um acampamento
A segunda saída da companhia para o norte de Angola e para as mesmas regiões do Zala e do Toto, deu-se no dia nove de Julho de mil novecentos e setenta e três, para nessa região se juntar às 33ª e 37ª C.C. e realizarem a operação Bicada B/IH.
Como na primeira operação também nesta um dos grupos da companhia separou-se no controlo militar de Sassa dirigindo-se para o Zala, pela estrada (picada) de Nanbuangongo. A companhia chegou ao Toto na manhã do dia dez de Julho, iniciando-se de acordo com o plano de acções, a largada dos grupos para as zonas de guerrilha no final da manhã.
As acções da operação Bicada B/IH desenrolaram-se numa zona de importância estratégica para a FNLA designada por COBA (Comando Operacional Baseado em Angola). No cumprimento dos objectivos traçados a companhia sofreu as suas primeiras baixas. Um morto, em confronto directo com o inimigo e três feridos graves, por accionamento de mina anti-pessoal colocadas nas proximidades e nos trilhos de acesso aos acampamentos atacados pelas nossas forças.
Alguns grupos foram recuperados para a base táctica da Cecília, acampamento de tropas comando e daqui seguiram em viaturas para o Toto.
O regresso a Luanda deu-se no dia trinta e um de Julho, com as baixas referidas e com resultados favoráveis insignificantes (uma mina anti-pessoal e documentação vária).